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Competência em Informação

Publicado: Quarta, 09 de Novembro de 2016, 15h51 | Última atualização em Sábado, 26 de Novembro de 2016, 16h21 | Acessos: 11882

Conceituação e Fundamentação Teórica

O surgimento e o desenvolvimento do tema “competência em informação” está diretamente relacionado com o avanço das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) que, numa velocidade sem precedentes, vêm impulsionando mudanças em todos os segmentos da sociedade e colocando as pessoas face às múltiplas possibilidades de acesso às tecnologias e à informação digital. 

As pessoas precisam estar incluídas digitalmente para ter acesso à gama de informações disponíveis na Internet, sejam elas de cunho utilitária ou contextual. Esta tendência está expressa no posicionamento de vários autores, como Silva et al.(2005, p.30), que consideram a inclusão digital e o acesso à informação uma questão de cidadania e ética e devem levar em conta abordagens que busquem valores fundamentais e universais; Gomez (abril, 2011, p.31) entende que a inclusão digital designa um mecanismo distributivo, que visa a compensar e anular as formas discriminatórias e limitadoras de acesso aos recursos socialmente disponíveis de comunicação e informação. 

As infraestruturas das TIC não servirão para nada se não puderem encontrar um público com habilidades necessárias para poder utilizá-las (MENOU, 2004, p. 245).  

É fundamental que a inclusão digital seja considerada uma ação que promoverá a conquista da cidadania digital e contribuirá para uma sociedade mais igualitária, com a expectativa da inclusão social. É possível, portanto, formular uma base conceitual para inclusão digital com fundamento no espírito de ética universal. Dado que inclusão digital é parte do fenômeno informação, no contexto da chamada sociedade da informação, pode ser observada pela ótica da ciência da informação. (SILVA et al.,2005, p.30).   Tanto a conquista de direitos políticos, civis e sociais quanto a implementação dos deveres do cidadão dependem do livre acesso à informação sobre tais direitos e deveres. Ou seja, dependem da ampla disseminação e circulação da informação e, ainda, de um processo comunicativo de discussão crítica sobre as diferentes questões relativas à construção de uma sociedade mais justa e, portanto, com maiores oportunidades para todos os cidadãos (ARAUJO, 1999) citado por SILVA et al., 2005, p.31). 

A inclusão digital é um processo que deve levar o indivíduo à aprendizagem no uso das TIC e ao acesso à informação disponível nas redes, especialmente aquela que fará diferença para sua vida e para a comunidade na qual está inserido (SILVA et al.,2005, p.31). 

Esses autores só reforçam a necessidade de inclusão informacional. A exemplo do que Silva afirma (2005, p.32), o conceito de information literacy que vem ganhando forma de movimento mundial de bibliotecários, conscientes da necessidade de mudança na relação biblioteca-aprendizagem na sociedade contemporânea, põe ênfase no acesso à informação nas redes. (SILVA, 2005, p.32).  

O termo information literacy foi utilizado pela primeira vez por um bibliotecário americano, Paul Zurkowski (1974, p.1; 6), em novembro de 1974, em um relatório intitulado: The information service environment relationships and priorities. Na introdução de seu relatório deixa claro sua opção pela denominação do termo information literacy quando usa o título “The goal: achieving information literacy”.  

O bibliotecário conceitou information literacy como “pessoas treinadas na aplicação de recursos de informação para seu trabalho, pois eles aprenderam técnicas e habilidades utilizando uma ampla variedade de instrumentos de informação como também fontes primárias na configuração de soluções de informação para seus problemas”. (ZURKOWSKI, 1974, p.6) 

Esse entendimento foi adotado pelo National Forum on Information Literacy, da American Library Association’s Presidential Committee on Information Literacy, criado em 1989, nos Estados Unidos, e tem como principal desafio a exclusão digital (SILVA, 2005, p. 33-34).   A American Library Association (ALA) em 1989 define uma pessoa competente em informação como alguém capaz de reconhecer quando uma informação é necessária e deve ter a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação de que necessita, e amplia o conceito em direção à educação.  

Em 2000, a expressão Information literacy é definida pela Association of College and Research Libraries como um conjunto de habilidades do indivíduo em reconhecer quando a informação é necessária e ter habilidade para localizar, avaliar e usar a informação eficientemente, acrescida de valores de responsabilidade, ética e legalidade (ACRL,1989; 2000).  

Em 2015, essa mesma instituição amplia as definições anteriores, em documento sobre os padrões de competência em informação para o ensino superior, e conceitua competência em informação como “um conjunto de habilidades integradas englobando uma abordagem reflexiva da informação, o entendimento de como a informação é produzida e valorizada e o uso da informação na criação de novos conhecimentos e participando eticamente em comunidades de aprendizagem”. (ACRL, 2015). 

Gomez (abril, 2011, p. 3, 8) considera que a alfabetização informacional ou a competência informacional (termo preferencialmente usado para traduzir information literacy no Brasil) deveria abordar os modos ou procedimentos das práticas de informação, que tanto têm a ver com a disponibilidade de habilidades e conhecimentos instrumentais, como com as pressuposições normativas e valorativas que são pré-configuradas pelo contexto social em que a escola atua e do qual a escola faz parte. 

A ALA, por meio da American Association of School Librarians (1989), publicou nove diretrizes de competência em informação para a aprendizagem dos estudantes, divididas em três categorias: competência em informação, aprendizagem independente e responsabilidade social: 

  1. a) competência em informação O aluno é competente em informação quando: 1) acessa a informação de forma eficiente e efetiva, 2) avalia a informação de forma crítica e competente; 3) usa a informação de forma precisa e criativa
  2. b) aprendizagem independente O aluno que aprende com independência é competente em informação quando: 4) sabe buscar com persistência a informação relacionada com os seus interesses pessoais; 5) aprecia a literatura e outras formas criativas de expressão da informação; 6) procura obter excelência na busca de informação e de geração de conhecimento.
  3. c) responsabilidade social O aluno que contribui de modo positivo para a comunidade de aprendizagem e para a sociedade tem competência em informação: 7) reconhece a importância da informação para a sociedade democrática; 8) coloca em prática o comportamento ético em relação à informação e à tecnologia da informação; 9) participa efetivamente de grupos para buscar e gerar informação.

Fontes consultadas: 

  • AMERICAN ASSOCIATION OF SCHOOL LIBR ARIANS. The Nine Information Literacy Standards for Student Learning. In: Information Power: Guidelines for School Media Programs. Chicago: ALA, 1998.  
  • Association of College and Research Libraries (ALA. ) Presidential Committee on Information Literacy: Final Report. jan. 1989. Disponível em: http://www.ala.org/acrl/publications/whitepapers/presidential  
  • Association of College and Research Libraries (ALA) A Progress Report on Information Literacy: An Update on the American Library Association Presidential Committee on Information Literacy: Final Report. Março. 1998. Disponível em: http://www.ala.org/acrl/publications/whitepapers/progressreport 
  • Association of College and Research Libraries. Information Literacy Competency Standards in Higher Education. Chicago: Association of College and Research Libraries.  2000. Diponível em : http://www.ala.org/acrl/sites/ala.org.acrl/files/content/standards/standards.pdf 
  • Association of College & Research Libraries .ACRL Information Literacy Framework for Higher Education. ACRL MW15 Doc 4.0.Submitted by: Susanna Boylston, Chair, ACRL Standards Committee.Date submitted: January 16, 2015 
  • GÓMEZ, María Nélida González de. Documento técnico. Inclusão Digital e Aprendizagem Informacional. Relatório 2. Instituto Brasileiro De Informação em Ciência e Tecnologia- Projeto IBICT: UNESCO Abril. 2011 
  • SILVA, Helena et al. Inclusão digital e educação para a Competência Informacional: uma questão de ética e cidadania. Ciência da Informação, Brasília, v.34, n.1, p.28-36, jan. 2005. Disponível em: <http://www. ibict.br>. Acesso em: 23 jan. 2015 ZURKOWSKI, Paul G. The Information Service Environment Relationships and Priorities. Related Paper no. 5. Washington. National Commission and Libraries and Information Science. nov,1974.
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