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Pescadores Online: Projeto estimula prática de leitura e escrita em comunidades da Barra do Mamanguape

  • Publicado: Quinta, 16 de Fevereiro de 2012, 12h23
  • Última atualização em Terça, 28 de Março de 2017, 17h43

16/02/2012 - Com o objetivo de estimular a prática de leitura e escrita entre famílias de pescadores artesanais inseridos na aba do rio Mamanguape, a Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid) está apoiando o projeto de Letramento Digital, surgido como projeto de mestrado em Linguística Aplicada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Segundo a coordenadora, Thaís de Abreu Garcia, o objetivo é utilizar ferramentas digitais para incentivar essa relação entre a escrita e a nova interface.

O Letramento Digital começou há dois anos, visando atender os pescadores da Barra de Mamanguape, uma vila de pesca localizada dentro dessa área de proteção ambiental. A ideia agora é que todos os pescadores das comunidades circunvizinhas possam também se beneficiar.

Para o presidente da Anid, Percival Henriques, o letramento digital é importante para que se possa ir além dos espaços dos telecentros. “Houve uma movimentação extremamente rica no Brasil. O Brasil acabou com o mercado cinza de computadores, acabou com carga tributária, hoje praticamente não se importa mais computadores. E hoje você compra um netbook por menos de R$ 500”, relata.

No início, Thaís Garcia tinha a proposta de pesquisa no mestrado em Linguística Aplicada, com o intuito de mapear as práticas de letramento dessa comunidade, considerando que o único meio de acesso à informação é antena parabólica, rádios locais etc. “Eu queria ver a relação desses moradores com a leitura e a escrita, quais eram as práticas letradas que eles desenvolviam na comunidade, pra depois contrastar essas práticas com as que eles desenvolveram após a implantação”, explicou.

Batizado de “Pescadores Online", o projeto de letramento digital implantou telecentros para atender o público-alvo, estimulando os pescadores a se tornarem novos usuários de internet e utilizarem essa mídia como meio de cuidar de sua comunidade.

“Eles utilizam temas de relevância para a comunidade, como questões de meio ambiente, fortalecimento dos grupos artísticos, artesanato, agricultura familiar, por exemplo, com intuito de gerar renda e trabalhar alguns conceitos da economia solidária. Então são várias temáticas que a gente percebe como problema, mas que tem potencial de se transformar em algo positivo. Na realidade, você passa a olhar os problemas como possíveis potencialidades”, explica Thaís.

Ao final do projeto, ela analisou o contraste das práticas de letramento antes e depois, observando que os usuários passam a acessar as redes sociais, e começam a escrever muito mais, passando a escrever relatórios e participar mais das rotinas de sua comunidade.

“Antes, as práticas de leitura e escrita eram praticamente inexistentes. Com a chegada do projeto, essas práticas começaram a ocorrer com mais frequência e os indivíduos começaram a trabalhar mais a questão da leitura e escrita por estarem envolvidos também nos resultados”, avalia. Para Percival, “se a internet ajudar no letramento normal, na alfabetização, melhor ainda. É aí que as pessoas poderão usar a internet em pleno potencial, usar os recursos como cursos à distância, por exemplo. Precisamos que as pessoas estejam muito tranquilas na relação com os computadores. Pra que possam, além da parte lúdica e de comunicação, também seja possível trabalhar e estudar a partir da internet, encurtar distâncias com as coisas boas que a rede traz”.

Desenvolvimento e geração de renda

A estrutura necessária para a instalação dos Espaços de Letramento Digital é toda da Anid, que se tornou a principal parceira. A Anid também concedeu uma bolsa de estudos pra que a equipe continue executando o trabalho nos próximos meses.

“O que me preocupa e me faz acreditar no projeto é que vai além de oferecer computador. Oferecemos internet de alta velocidade, como se tivesse num país de primeiro mundo, por exemplo. Em Barra de Mamanguape, a pessoa pode acessar em torno de 30 a 40 Mbps. Queremos dar pra essas comunidades que não tiveram nenhum acesso, além da oportunidade, também um processo onde o uso da internet seja mais eficaz”, completa Percival.

O projeto também está inscrito este ano no prêmio WSIS, concurso anual que reconhece a excelência na implementação de projetos que ampliam os objetivos da Cúpula Mundial da Sociedade de Informação, de melhorar tanto a conectividade para informação quanto as tecnologias de comunicação.

A partir de agora, a ideia é trabalhar em cima dos projetos relevantes para a comunidade e fazer com que eles leiam e escrevam o máximo possível. “Ou seja: se tem um problema com o lixo, que falta coleta, o que a gente pode fazer para chamar a atenção para a causa e fazer com que as pessoas se envolvam nesse objetivo? Fazendo pesquisa na internet, divulgando ações pelos blogs, redes sociais, práticas de leitura e escrita, de produção de conteúdo, que antes não existiam”, propõe a coordenadora.

Thaís também revela a intenção de ampliar o projeto a outras localidades. “O litoral norte é muito esquecido. Queremos expandir o acesso à internet nas comunidades ribeirinhas, o que é um marco na sociedade, porque elas vivem em completo estado de infoexclusão e isolamento. Estamos pensando nas comunidades indígenas daqueles arredores”, concluiu.

Percival completa, dizendo que um dos projetos que a Anid tem na região é para que o pessoal que faz artesanato com coco possa vender seus produtos pela internet. “Na época do defeso, podem fazer artesanato ou outro tipo de atividade e disponibilizar isso pela internet. Dotar essas comunidades desses recursos da nova mídia, da própria web. A pessoa não acessa pra ver apenas fofoca de novela ou ficar nas redes sociais, é preciso que as oportunidades também venham para essas pessoas”, finalizou o presidente da Anid.

Ascom Anid

Fonte: ANID.

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